O termo blended finance tem se destacado no cenário das finanças sustentáveis. Essa abordagem reúne capital público, privado e filantrópico para mobilizar investimentos em projetos que atendem a objetivos sociais e ambientais, além de serem financeiramente sustentáveis.
Este modelo econômico utiliza capital de risco, garantias, subvenções ou outros instrumentos financeiros para analisar a redução dos riscos notados por investidores privados, tornando os projetos mais atrativos. Esta estratégia visa direcionar os investimentos para setores que geralmente enfrentam dificuldades de financiamento, como, por exemplo, a infraestrutura, educação e saúde, promovendo, assim, o desenvolvimento sustentável e o alcance de metas como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Além disso, o blended finance une diferentes tipos de capital para minimizar os riscos e atrair os investimentos que seriam considerados difíceis para o setor privado. Sua estrutura consiste em três elementos principais:
Capital Público: Este tipo de capital é frequentemente usado para cobrir os riscos iniciais ou atuar como garantias, atraindo assim investidores privados ao fornecer uma camada de segurança. Este capital pode vir de governos, agências de desenvolvimento ou até mesmo instituições multilaterais.
Capital Privado: Esse capital provém de investidores institucionais, empresas privadas ou fundos de investimentos. Os investidores privados são atraídos pelo potencial de retorno financeiro.
Capital Filantrópico: Esse componente é geralmente concedido por fundações ou organizações sem fins lucrativos, que buscam impacto social e ambiental. O capital filantrópico pode ajudar a sustentar projetos que têm um retorno financeiro limitado, mas que trazem grandes benefícios para a sociedade.
Além disso, o blended finance pode ser estruturado de várias maneiras, que incluem as garantias e subvenções, onde os fundos doados podem ser utilizados para cobrir os custos iniciais de um projeto, tornando-os mais atraentes para o público de investidores privados.
Há alguns exemplos de blended finance. Veja quais:
Sustainable Development Investment Partnership (SDIP): Este é um exemplo de uma plataforma que combina capital público e privado para financiar projetos de desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento. Este recurso reúne investidores do setor privado com doadores e bancos de desenvolvimento para canalizar recursos a setores como infraestrutura, energia limpa e agricultura sustentável.
Green Bond Market: Os títulos verdes são uma forma de blended finance, permitem que investidores levantem capital para financiar projetos que têm benefícios ambientais. Esses títulos muitas vezes são garantidos por agências de desenvolvimento, reduzindo o risco para investidores privados. Projetos financiados por títulos verdes incluem energias renováveis, eficiência energética e conservação da água.
Mecanismos de Financiamento para Água e Saneamento: Vários projetos de água e saneamento em países em desenvolvimento utilizam blended finance para atrair investimentos. Parte do financiamento pode vir de doadores tradicionais, enquanto o capital privado é atraído por meio de garantias que minimizam os riscos associados aos projetos.
Investimentos em Micro finanças: Em muitos países, as micro finanças são promovidas por meio de blended finance, onde fundações e organizações não governamentais financiam instituições de microcrédito que, por sua vez, atendem comunidades de baixa renda. Essas organizações podem usar garantias que tornam os investimentos mais seguros para investidores privados.
Diante destes pontos, posso concluir destacando que o blended finance é um conceito inovador e promissor para enfrentar os desafios de desenvolvimento financeiro e sustentável ao nível global.
Sobre o autor
Edmilson Gama é especialista em Governança Corporativa e Compliance, advogado, engenheiro e mestre em economia. Possui livros publicados em finanças empresariais e governança corporativa, e atualmente atua como CFO do BDMG – Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais.