O investimento de impacto está em ascensão, alcançando um marco significativo nos últimos anos, com ativos globais sob gestão superando a marca de US$ 1 trilhão, de acordo com o Global Impact Investing Network (GIIN). Esse movimento crescente tem atraído tanto investidores experientes quanto recém-chegados, transformando o panorama dos investimentos.
A incorporação de uma perspectiva de impacto na análise das oportunidades de investimento levou ao surgimento de uma variedade de produtos financeiros. Isso engloba desde fundos de venture capital com foco em impacto até títulos verdes, títulos de impacto social, fundos de crédito voltados para negócios de impacto e fundos de ações que reúnem empresas listadas comprometidas com a criação e mensuração ativa de impacto socioeconômico positivo.
Estudos têm demonstrado o potencial de retorno ajustado ao mercado nesse tipo de investimento. Por exemplo, o benchmarking pioneiro realizado em 2015 pela Cambridge Associates e GIIN revelou que o quartil superior dos investimentos de impacto alcançou uma taxa interna de retorno de 9,7% ou mais, alinhada com o retorno médio do top 10% do S&P 500.
Esses achados foram corroborados por outras análises, como um estudo de 2015 da Wharton Business School sobre 32 fundos de investimento de impacto e uma pesquisa da McKinsey & Company em 2017 que examinou 48 saídas de investimentos de impacto de private equity, encontrando taxas internas brutas médias de retorno de 9,2% e 11%, respectivamente.
Juntos, esses estudos indicam que, ao longo do tempo, os fundos de investimento de impacto podem atingir seus objetivos de desempenho.
Os governos e reguladores em todo o mundo estão igualmente reconhecendo o potencial do investimento de impacto e adotando medidas para promover seu crescimento. O Plano de Ação para Finanças Sustentáveis da União Europeia é um exemplo, buscando mobilizar capital privado para investimentos desse tipo, demonstrando um compromisso com a reforma do setor financeiro para melhor.
No Brasil, a Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE) identificou R$ 18 bilhões em ativos sob gestão em investimento de impacto em 2021, um aumento de 60% em relação ao ano anterior. Os setores mais visados pelos investidores de impacto incluem microcrédito, serviços financeiros, alimentos, agricultura, saúde e educação. Em termos de perfil dos investidores, mais da metade são gestores de fundos com fins lucrativos, seguidos por fundações e institutos.
O futuro do investimento de impacto parece promissor, pois enfrenta alguns dos desafios mais prementes da nossa sociedade. Com problemas como mudança climática, desigualdade social e acesso limitado a serviços de saúde e educação se tornando cada vez mais críticos, o investimento de impacto emerge como uma solução viável.
Ao canalizar capital para empresas que estão ativamente abordando esses desafios, os investidores de impacto não apenas contribuem para uma mudança positiva, mas também se posicionam para aproveitar as oportunidades de um futuro mais sustentável e inclusivo.
*Economista, Investidora Anjo e diretora da Potencia Ventures.